A primeira festa de Natal de uma família iraniana
Meu primeiro Natal na América do Norte e minha primeira interação com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias mudaram minha vida.
Na infância, o Natal era um conceito estranho para mim. Cresci na religião muçulmana. Minha família imigrou para os Estados Unidos quando eu tinha sete anos, e eu nunca tinha celebrado ou sequer ouvido falar do Natal.
Na verdade, quando cheguei aos EUA mal conhecia duas palavras: sim e não, e ainda assim as confundia. Embora fosse frustrante não entender o idioma, desenvolvi um amor pela América ao descobrir supermercados, Cheetos e pizzas no almoço da escola.
Meus pais trouxeram dinheiro suficiente apenas para viver nos Estados Unidos por um ano. Minha mãe, que nunca havia trabalhado fora de casa, começou a trabalhar em uma lavanderia fazendo pequenas alterações. Meu pai, um neurocirurgião treinado no Irã, dirigia um caminhão de entrega à noite enquanto estudava durante o dia para se tornar médico nos Estados Unidos. Mal conseguíamos pagar as contas.
Um milagre de Natal
Em nossa primeira temporada de festas de fim de ano, uma amiga chamada Maryam nos convidou para a festa de Natal do bairro. Depois que nossa família foi à festa e a uma noite familiar na casa de Maryam, minha mãe pediu que os missionários viessem ensinar o evangelho a ela. Logo depois, nos filiamos à Igreja e testemunhamos inúmeros milagres durante vários anos difíceis em nosso recomeço nos Estados Unidos.
Durante o nosso segundo mês dezembro nos Estados Unidos, éramos novos cristãos que não sabiam como celebrar o Natal. Uma irmã da Igreja veio nos visitar e percebeu que não tínhamos uma árvore de Natal nem decorações.
Pouco antes do Natal, toda a nossa família estava assistindo ao nosso pequeno televisor preto e branco quando ouvimos uma batida na porta. Ficamos surpresos ao ver um grupo de pessoas cantando uma linda canção de Natal. Eles encheram nosso pequeno apartamento com enormes cestas de presentes embrulhados para cada criança em nossa família.
Também trouxeram outra cesta cheia de alimentos, uma árvore de Natal e decorações. Nosso pequeno apartamento nunca tinha visto tanta abundância. De repente, não estávamos mais sozinhos em um país estrangeiro, mas estávamos cercados por amor, luz e uma nova família no evangelho de Jesus Cristo.
Desde aquele Natal, tenho lembrado desse ato generoso e tentei retribuir essa gentileza de alguma forma no Natal, embora nunca o tenha feito do mesmo modo que nossa família recebeu.
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Ministração e mentoria
Após 31 anos, no Natal de 2018, este espírito de bondade, amor e retribuição não estava presente em meu coração.
Sentia-me exausta ao pensar em meu calendário cheio de compras de Natal, cartões e festas. Perguntava-me como poderia simplificar o caos das festas para ter mais energia para cuidar de mim e de nossa família durante minha difícil quarta gravidez. Eu sentia uma dor aguda em minha pélvis e quadril, o que tornava algo simples como caminhar em um grande sofrimento.
Ao me concentrar intensamente em minha crescente lista de afazeres, perdi o foco na alegria do Salvador. Durante este ponto baixo em minha vida, minha amiga Kristin entrou em contato para ver se eu queria participar de um círculo de mentoria para várias famílias de refugiados.
Ela me pediu para doar presentes de Natal e também para me comprometer com um relacionamento de mentoria a longo prazo. Eu queria ajudar. Mas me perguntava: “Como posso assumir mais uma responsabilidade quando mal estou sobrevivendo agora?” Sentia que não podia dizer sim, mas também não queria dizer não.
Timidamente, disse a Kristin que escreveria um cheque, mas não poderia ser mentora de uma mãe refugiada. No entanto, uma sensação de inquietação por recusar a oportunidade de ajudar alguém agustiava minha alma. Em fevereiro, depois de dar à luz, o Espírito trouxe à minha mente essa mãe refugiada.
Decidi entrar em contato com Kristin e perguntar se era tarde demais para ajudar. Em uma reviravolta incrível de acontecimentos, todas as mulheres tinham sido associadas a mentores, exceto uma mãe chamada Speratha e seu bebê.
Speratha perdeu seus pais e oito irmãos durante um genocídio em Ruanda. Ela e seu bebê estavam sozinhos em um novo país e na vida. Na primeira vez que a encontrei, entrei no simples apartamento que ela havia recentemente obtido com assistência do governo. Estava limpo, mas vazio.
Speratha não tinha uma cadeira para nos sentarmos ou um colchão para dormir, mas ambas sentimos uma calorosa gratidão enquanto nos sentávamos no chão para conversarmos e nos conhecermos.
Nunca esquecerei o que aconteceu em seguida. O Espírito sussurrou em meu ouvido: “Ela é sua irmã”, e meu coração foi inundado com um amor sincero e instantâneo por Speratha. As lágrimas encheram meus olhos enquanto abraçava essa mulher que acabara de conhecer, e o Espírito me ensinou sobre o quão éramos semelhantes.
Assim como Speratha, eu tinha sido mãe solteira em um ponto da minha vida. Lembrei-me de que, quando viemos para a América, também moramos em um apartamento sem móveis até conseguirmos encontrar alguns colchões na calçada.
Também tínhamos escapado de um ambiente político tenso e não tínhamos segurança em nosso país de origem. Minha família foi abençoada pelos discípulos de Cristo que foram Suas mãos ao nos amar como se fôssemos família.
Guiada pelos impulsos do Espírito, decidi naquele momento que Speratha faria parte da minha família. Eu sabia que, por meio de mim, o Pai Celestial derramaria Seu amor por essa filha e que juntas seríamos irmãs em Cristo.
Compartilhando o amor de Cristo
O Élder Ulisses Soares compartilhou uma história de um rabino assistindo ao nascer do sol com dois amigos em seu discurso, “Irmãos e irmãs em Cristo”. Em resposta à pergunta “Como sabem que uma noite já acabou e um novo dia começou?”, o sábio rabino disse: “Quando olharem para o leste e virem o rosto de uma mulher ou de um homem e puderem dizer: ‘Ela é minha irmã’; ‘ele é meu irmão’”.
O Élder Soares nos assegurou:
“A luz de um novo dia ilumina mais fortemente nossa vida quando vemos e tratamos nossos semelhantes com respeito e dignidade e como verdadeiros irmãos e irmãs em Cristo.”
Quando eu estava cheia de amor por Speratha, seus problemas tornaram-se meus problemas, e seus fardos tornaram-se meus. Como o Élder Soares ensinou, comecei a ver a mim mesma refletida “nos sonhos, nas esperanças, nas tristezas e nas dores de [Meu] próximo.
Todos no nosso círculo de mentoria sentiram o mesmo chamado. Todos nos tornamos irmãos e irmãs no evangelho de Jesus Cristo, e nossos “corações [foram] mudados pela fé em Seu nome.”
Nossa nova família em Cristo trabalhou junta para imediatamente encher a casa e a cozinha de Speratha com itens essenciais. Nos anos seguintes, ajudamos ela a aprender a dirigir, obter sua carteira de motorista e comprar um carro, entrar na escola para obter seu diploma de equivalência do ensino médio e colocar seu filho na escola. A adotamos em nossas famílias.
Esse amor fraternal e sororidade iluminou a vida de Speratha, e ela se encontrou com os missionários. Em 2021, decidiu ser batizada em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fazendo seu próprio convênio de se tornar uma discípula de Cristo.
Naquele dia sagrado, a sala estava cheia de membros da família em Cristo de Speratha, que se reuniram para apoiá-la. Em seu batismo, eu disse:
“Você perdeu muito de sua família, mas Deus a ama, pois você é Sua filha. E eu sei que você não tem mais seus pais ou a maioria de seus irmãos, mas agora você tem irmãs e irmãos no evangelho, e Jesus Cristo está com você.”
Independentemente das circunstâncias de nossa família, quando nos reconhecemos mutuamente como irmãos e irmãs, o amor de Deus iluminará nossas vidas. Há muito bem a ser feito, especialmente no Natal, mas não podemos fazer tudo. Como Alma nos lembra, “é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas”.
Se tudo que você pode fazer neste Natal é convidar alguém para uma festa da ala, esse convite simples pode mudar a vida dessa pessoa.
Mudou a minha
Fonte: LDS Living
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