O que o realmente é a CES Letter?

Nota: Este artigo foi escrito por David Snell e publicado no Third Hour sob o título “What the CES Letter Really Is”

Sempre hesito em falar sobre a CES Letter (ou “Carta para o Diretor do SEI”), porque é o motivo pelo qual muitas pessoas deixam a Igreja, e não quero despertar a curiosidade de ninguém. Se você ainda não ouviu falar da CES Letter antes, tudo que você realmente precisa saber é que é o material mais popular contra a Igreja de Jesus Cristodos nossos dias. Basicamente, o autor reuniu todas os argumentos possíveis e cabíveis sobre à nossa fé e os publicou em um só lugar.

Se você ainda não leu, não leia. Não vale seu tempo nem seu esforço. Esse material foi feito para destruir a fé, e para muitas pessoas, é exatamente isso que acontece. Claro, essas pessoas merecem amor e respeito independentemente do caminho que escolherem. Mas quando é examinado, a CES Letter não passa de uma “tática de debate falaciosa comum”, também chamada de Gish Gallop.

“O Gish Gallop ou Galope de Gishé é uma tática que os espertinhos utilizam em debates. Basicamente, a pessoa reúne muitos argumentos sem se importar com a qualidade deles e então metralha tudo na cara do oponente. 

A pessoa que recebe todos esses argumentos não conseguirá responder tudo por causa da quantidade de informação distorcida presente e então o tempo de resposta acabará, deixando o “argumentador” em vantagem.”

Em resumo, é uma bomba manipuladora de dúvida. É um ataque de mil flechas, esperando que uma acerte algo. A CES Letter tem como único objetivo sobrecarregar seus sentidos com motivos para não acreditar, com pouco respeito pela precisão ou pela força de cada argumento.

Argumentos fracos

Por exemplo, no primeiro capítulo da CES Letter, o autor acusa Joseph Smith de inventarnomes do Livro de Mórmon com base em nomes de lugares reais em sua vizinhança. Dos quase 90 lugares no Livro de Mórmon, o autor afirma que Joseph pegou cerca de 20 baseado nessa lógica. Mas dentro desses 20, vários não existiam quando o Livro de Mórmon foi publicado em 1830. É extremamente improvável que Joseph sequer conhecesse vários outros.

Em resumo, o argumento é extremamente fraco, e o “argumentador” sabe disso. Há alguns anos, ele postou online sua intenção de remover completamente essa parte do livro. Em suas palavras ele afirma:

“Estou cerca de 90-95% inclinado a remover todo o capítulo de Geografia do Livro de Mórmon / Mapas de Vernal Holley da CES Letter, mas queria reunir seus pensamentos e avaliação … Mesmo que os mapas e a lista tenham sido atualizados e corrigidos, acredito que seja a parte mais fraca da CES Letter. A evidência, para mim, é mediana e não é forte o suficiente para o meu gosto … Meu plano atual é removê-la e na página de Atualizações da CES Letter explicar essa remoção e o motivo da remoção.”

Os comentários em seu post foram interessantes. Uma pessoa chamou a possível remoção de “traição” porque aquele argumento tinha sido a última gota para eles antes de abandonarem sua fé.

O “argumentador” sabe muito bem que o argumento é fraco. E ainda assim, permanece até hoje no primeiro capítulo da CES Letter.

O desafio do Galope de Gish

Refutar um Galope de Gish é difícil. Não porque seja um argumento bem formulado que force você a reconsiderar sua visão de mundo sob uma nova perspectiva, um processo que requer pensamento crítico por um longo período de tempo. É difícil porque há muito a refutar.

Cada afirmação provavelmente requer no mínimo uma pesquisa no Google, uma explicação do que foi encontrado e um link para a fonte. Por outro lado, fazer a afirmação requer apenas um desses passos: a explicação em si.

E se o próprio Galope de Gish parecer ter alguma importância, esse processo se torna muito mais difícil: a evidência de cada afirmação deve ser completamente desacreditada. Como tal, o refutador deve entender tanto a afirmação quanto o motivo pelo qual ela não é legítima. O argumentador só precisa recitar a afirmação. – RationalWiki

É fácil fazer afirmações. Só que é mais difícil provar que as afirmações estão erradas. Por exemplo, posso afirmar que o sol tem um núcleo feito de ouro derretido. Agora o desafio é provar o contrário.

Como você pode imaginar, a razão pela qual isso está errado pode não ser tão fácil de explicar e fundamentar em uma frase curta. O mesmo se aplica às afirmações na CES Letter. Se você não estiver disposto a fazer a pesquisa (às vezes intensiva) associada às afirmações, então elas de fato parecem bastante ameaçadoras.

Mas se você dedicar tempo para abordar cada argumento individualmente, há luz no fim do túnel. Não se intimide pelas afirmações, ou pelo trabalho necessário para entender a refutação.

É interessante confrontar o material anti-Santos dos Últimos Dias e se perguntar: O que eles querem que eu faça depois de abandonar minha fé?

Infelizmente, algumas pessoas existem com o único propósito de destruir sua fé, deixando-a em frágil e despedaçada e não substituindo-a por nada em particular. Mas a maioria está tentando minar sua fé na esperança de que você adote seus próprios pontos de vista.

Em vez de compartilhar um testemunho de suas crenças, eles optam por atacar a fé do outro de todos os ângulos, esperando que algo possa feri-la. Gosto muito da maneira como o antropólogo Manu Padro (que não é membro da Igreja) descreve essas essas pessoas. Ele disse:

“Eles estão tentando coagi-lo a uma situação onde podem bombardeá-lo com tantas perguntas provocativas de dúvidas que podem fazer sua resolução desmoronar e sua identidade se desfazer. Dentro desse vácuo, criado por um ato de violência psicológica, eles esperam enfiar goela abaixo oseu próprio sistema de crenças.

Se isso parece abusivo, é porque é. É uma extensão do legado cultural da inquisição. Eles não podem torturar você, mas podem humilhar e pressionar com perguntas às quais você ainda não tem resposta. Eles tentam bombardear você com muitas dessas perguntas para que funcione. É assim que a CES Letter funciona. É um lixo, mas é uma estratégia comum no ministério anti-Mórmon.” 

A CES Letter usa a técnica do Galope de Gish para assustar e induzir ao pânico. Esse material visa manipular a pessoa para que se afaste para bem longe do evangelho, destruindo sua fé pelo caminho. Não caia nessa. Ou evite completamente a armadilha (eu recomendo isso), ou diminua o ritmo e faça sua lição de casa.

O desafio da fé

Em última análise, as pessoas de (qualquer) fé estão em desvantagem quando detratores exigem respostas. E embora haja muitas respostas em relação a CES Letter, há algumas coisas relacionadas a exercer fé que não podem ser provadas, seja você um Santo dos Últimos Dias, Católico, Muçulmano ou Protestante.

Se tivéssemos todas as respostas, a fé não seria o primeiro princípio do evangelho de Jesus Cristo. As pessoas de fé precisam aprender a se sentir confortáveis com perguntas não respondidas. Os autores Fiona e Terryl Givens explicaram a necessidade da dúvida muito claramente em “The God Who Weeps” (O Deus Que Chora, tradução livre):

“O chamado à fé é um convite para envolver o coração, sintonizando-o para ressoar em simpatia com princípios, valores e ideais que fervorosamente esperamos que sejam verdadeiros e que temos razões plausíveis, mas não certas, para acreditar que sejam verdadeiros. Deve haver razões para a dúvida, bem como para a crença, a fim de tornar a escolha mais verdadeiramente uma escolha, e, portanto, mais deliberada, carregada de vulnerabilidade e investimento pessoais. Uma preponderância avassaladora de evidências de um lado ou do outro tornaria nossa escolha tão insignificante quanto um revolver apontado para nossas cabeças. A opção de acreditar deve aparecer no horizonte pessoal de alguém como o fruto do paraíso, equilibrado precariamente entre conjuntos de demandas mantidas em tensão dinâmica.”

Temos acesso ao evangelho restaurado de Jesus Cristo. Temos todas as razões para erguer a cabeça e proclamar nosso evangelho em todos os lugares e para todos aqueles que o buscam. Vamos fazê-lo de forma ética, responsável e da maneira mais próxima possível de Cristo.

Fonte: Third Hour

Veja também:

Posto original de Maisfé.org

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